O longa de Walter Salles mostra a viagem de autodescobrimento que Ernesto Guevara e seu amigo, Alberto Granado, fizeram pela América Latina na década de 50. Trata-se de um road movie movido a sentimentos, um deleite para o espectador. A direção conscienciosa de Salles somada à interpretação impecável do ator mexicano Gael Garcia Bernal resultaram numa personificação humanizada do jovem Guevara, na época apenas um rapaz de 23 anos como qualquer outro, de espírito inquieto, mas ainda não voltado para as causas revolucionárias que escreveram seu nome na História.
Mostrar o amadurecimento pessoal do jovem Guevara sem apelar para soluções fáceis, de forma sutil, com ritmo e cadência, é um dos grandes méritos de Diários de Motocicleta. Walter Salles teve a sensibilidade e a humildade de interferir o mínimo necessário numa história que falava muito por si mesma. Optou por contemplá-la, moldá-la como filme, abstendo-se de impor um toque autoral. Já Gael Garcia Bernal, apesar da pouca idade, atua como um veterano: sem pressa, seguro, com uma naturalidade que impressiona.
Diários de Motocicleta pode ser considerado o melhor filme de Salles, o mais maduro em sua filmografia.