Zineiros do Passado, Presente e futuro – Entrevista com o diretor Márcio Sno
Por Michael Meneses – Fotos Arquivo pessoal de Márcio Sno
Michael Meneses - Cineclube Nosso Tempo: “Fanzineiros do Século Passado” é o seu segundo filme. Antes você produziu “INGs - Indivíduos Não Governamentais”. Fale um pouco sobre “INGs” e quais as lições aprendeu com ele e aplicou em “Fanzineiro”?
Marcio Sno: O INGs tinha tudo para ser “apenas mais um trabalho de conclusão de curso de Jornalismo”, mas foi além disso. Estrapolou os muros da faculdade e exibimos em um monte de lugares. Lançamos em 2007 e até hoje recebemos convites para apresentações seguidas de debates. Há uns dias recebemos a notícia que ele faz parte da grade de aulas de uma disciplina da USP Leste! Bem, esse doc conta a história de dois catadores de papel: Severino Manoel de Souza montou uma biblioteca com os livros que achou no lixo, num prédio ocupado no centro de São Paulo e José Luiz Zagati que montou um cinema na laje de sua casa. Além de relatar a história dessas duas figuras, promovemos (eu e meu companheiro Averaldo Nunes Rocha) um debate indireto com intelectuais que tentaram responder à pergunta: “o que leva pessoas em condições tão precárias a tomar iniciativas de promoção à cultura sem ter retorno financeiro com isso?”. Pegamos depoimentos de Celso Frateschi (então presidente da Funarte), do geógrafo humanista Aziz Ab’ Saber, do sociólogo Reinaldo Pacheco e do músico Tom Zé, além de usuários da biblioteca e do cinema. Utilizamos materiais precários, não sabíamos filmar, aprendemos tudo na marra e não contamos com quase nenhuma ajuda da faculdade. Foi tudo na unha mesmo, na garra, na vontade. Mas valeu à pena. Hoje assisto e vejo que muita coisa poderia ter feito melhor, seja, na captação de imagens, enquadramento, edição, etc., mas acho que o registro teria que ser esse mesmo, pois tudo fez parte de um contexto muito profundo e pessoal. A experiência com a gravação desse doc, os macetes, as sacadas, ajudou em muito para me dar coragem em investir no projeto do “Fanzineiros”, pois percebi que não era tão difícil fazer um doc, o que me faltava era aprender a editar, aprendi. E se não tivesse rolado a experiência com INGs, jamais teria tomado gosto pelo audiovisual, mesmo porque antes dele não gostava de trabalhar com vídeo. Peguei o gosto nas gravações. E acho que tão sendo não vou deixar de trabalhar com audiovisual, pois é possível fazer muita coisa com poucos recursos.
Marcio Sno: O INGs tinha tudo para ser “apenas mais um trabalho de conclusão de curso de Jornalismo”, mas foi além disso. Estrapolou os muros da faculdade e exibimos em um monte de lugares. Lançamos em 2007 e até hoje recebemos convites para apresentações seguidas de debates. Há uns dias recebemos a notícia que ele faz parte da grade de aulas de uma disciplina da USP Leste! Bem, esse doc conta a história de dois catadores de papel: Severino Manoel de Souza montou uma biblioteca com os livros que achou no lixo, num prédio ocupado no centro de São Paulo e José Luiz Zagati que montou um cinema na laje de sua casa. Além de relatar a história dessas duas figuras, promovemos (eu e meu companheiro Averaldo Nunes Rocha) um debate indireto com intelectuais que tentaram responder à pergunta: “o que leva pessoas em condições tão precárias a tomar iniciativas de promoção à cultura sem ter retorno financeiro com isso?”. Pegamos depoimentos de Celso Frateschi (então presidente da Funarte), do geógrafo humanista Aziz Ab’ Saber, do sociólogo Reinaldo Pacheco e do músico Tom Zé, além de usuários da biblioteca e do cinema. Utilizamos materiais precários, não sabíamos filmar, aprendemos tudo na marra e não contamos com quase nenhuma ajuda da faculdade. Foi tudo na unha mesmo, na garra, na vontade. Mas valeu à pena. Hoje assisto e vejo que muita coisa poderia ter feito melhor, seja, na captação de imagens, enquadramento, edição, etc., mas acho que o registro teria que ser esse mesmo, pois tudo fez parte de um contexto muito profundo e pessoal. A experiência com a gravação desse doc, os macetes, as sacadas, ajudou em muito para me dar coragem em investir no projeto do “Fanzineiros”, pois percebi que não era tão difícil fazer um doc, o que me faltava era aprender a editar, aprendi. E se não tivesse rolado a experiência com INGs, jamais teria tomado gosto pelo audiovisual, mesmo porque antes dele não gostava de trabalhar com vídeo. Peguei o gosto nas gravações. E acho que tão sendo não vou deixar de trabalhar com audiovisual, pois é possível fazer muita coisa com poucos recursos.
M.M. - Como está a recepção e como foram os eventos de lançamentos do filme?

M.M - Desde o início vários veículos de comunicação, sejam da grande mídia ou da mídia alternativa como zines e blogs, estão apoiando sua iniciativa. Tendo em vista que o doc é uma produção independente o que você tem a dizer sobre a importância da mídia como um todo a apoiar projetos culturais independentes?
Marcio Sno: Cara, em mais um quesito me surpreendi. Foi muito bacana o apoio que recebi de fanzines, blogs, sites e jornais com o doc. Antes mesmo do material ficar pronto, saiu uma matéria na última edição impressa do caderno Rio Fanzine, do jornal O Globo e depois disso, no Jornal da Tarde de SP, Zero Hora do RS, capa do Segundo Caderno do O Globo no Estado de Minas e outros que vem me procurando. Nesse meio tempo também rolou uma matéria no programa Login da TV Cultura. Acho de extremo valor esse tipo de divulgação, principalmente por ser uma produção absolutamente independente. Não só por esse trabalho, mas para todos independentes que estão conquistando espaço na grande mídia para divulgar seus trabalhos. Só nós sabemos como é investir grana, vontade, tempo para fazer algo preocupado somente em colocar o bloco na rua. Precisamos de todos os espaços possíveis, para divulgar nossa arte, o nosso suor e ter esse trabalho reconhecido e divulgado, não há nada que pague!
M.M - O filme vem sendo disponibilizado para download na internet. A distribuição gratuita sempre foi algo característico dos fanzines, contudo não lhe ocorre lançar o filme em DVD oficial, certamente vários selos independente teriam interesse em lançá-lo, sobretudo pelo reconhecimento que o filme vem tendo de crítica e público?
Marcio Sno: Desde o começo não me preocupei com isso, mas estive sempre aberto para propostas, que não vieram. Como não criei expectativas para isso, lidei com muita tranqüilidade. Claro, se rolar uma proposta de lançamento por um selo ou projeto incentivado, estou à disposição! A proposta de colocar na internet foi por dois motivos: o primeiro foi o óbvio, pois se gasta muito com mídia, impressão, papel e correio. O segundo foi para divulgar o máximo possível, quanto mais pessoas assistirem ao doc, melhor! Quero espalhar o terror por todos os cantos!
Marcio Sno: Ah, aquelas básicas: falta de grana, de tempo. Não sei te tive muitos problemas, mesmo porque o equipamento eu peguei emprestado do meu amigo Averaldo (que produziu o INGs comigo – porém, por falta de tempo, ele não pôde contribuir nesse) e as gravações fui me agendando de acordo com a disponibilidade e/ou quando alguém vinha pra SP. Gostaria de ter a oportunidade de viajar o Brasil gravando, mas infelizmente não foi possível. Cara, acho que não tive grandes dificuldades mesmo, fiz o que foi possível com o que eu podia e conseguia, como não criei grandes expectativas, tudo que veio foi lucro!
Marcio Sno: Por enquanto, penso em lançar um próximo capítulo e talvez fechar o ciclo. Porém, se pintar mais idéias, quem sabe não faço uma trilogia pra ficar mais clássico, né? No primeiro capítulo foi focado na produção até metade dos anos 1990, com a chegada a internet, com o pessoal explicando como rolava a produção sem recursos tecnológicos e as dificuldades para divulgar as publicações. O próximo capítulo já vem sendo produzido, já gravei com diversas pessoas, mas ainda falta um bocado. Agora vamos falar sobre os fanzineiros que sobreviveram ao passar a “fronteira do virtual”, os fanzineiros que surgiram após a internet, as ações para promover fanzines, como festivais, eventos, fanzinotecas, sites, etc. E também o uso pedagógico de fanzines em sala de aula. Acho que será possível traçar um breve panorama do que está acontecendo no fanzinato atual. Esse doc pretende ser mais didáticos e com mais imagens ilustrativas. Chega, não vou dar mais detalhes!
M.M - Mesmo com a internet cada vez mais popular e tendo ela feito com que muitos zines se migrassem para blogs e sites, os zines impressos estão voltando. Como você analisa as edições atuais dos zines?
Marcio Sno: Varia muito, assim como era antigamente. Tem fanzines mais tradicionais, utilizando técnicas simples, outros mais sofisticados, utilizando de recursos diferentes, como o La Permura!, de Rodrigo Okuyama, no qual ele abusa em estêncil, costura, materiais alternativos e montagem diferenciada. Acho que o futuro dos zines impressos devem seguir por essa diferenciação. Eu mesmo estou produzindo um e vou utilizar algumas dessas técnicas. Realmente, muitos zines impressos estão sendo lançados, é um fenômeno de renascimento, acho isso muito bacana, e essa retomada também se dá graças a iniciativas como Ugra Press, Zinescópio, Fanzinoteca Mutação, que estão batalhando para que a arte de produzir fanzines em papel nunca acabe.
M.M - Você pensa em inscrever o filme em alguma mostra, concursos de cinema?
Marcio Sno: Sim, claro! Isso faz parte do plano de botar pra circular. Já inscrevi em três festivais e espero a resposta pra ver se vai ser selecionado. Mas não tenho pretensão de competir para ganhar. Se rolar premiação, ótimo, mas não é esse objetivo.
M.M - Nos últimos anos alguns filmes e documentários sobre rock ou música independente foram feitos no Brasil, algo que há muito já acontece lá fora. Como você vê esse segmento no cinema nacional?
Marcio Sno: Acho muito bacana, pelo motivo de eu ser apaixonado por música e por documentários. Logo, sou fissurado por tudo que sai de documentários com essa temática. Acho que a iniciativa dos produtores em lançar algo nessa linha, é heróica e merece os nossos aplausos! Afinal, esses docs são produzidos com muita garra e o retorno financeiro é quase zero. E esses caras são os verdadeiros heróis da resistência!
M.M - No Rio de Janeiro duas exibições estão confirmadas para “Fanzineiros do Século Passado”. Uma delas no Cineclube Nosso Tempo, uma realização da ONG Cidadania em Movimento, a outra ocorre no SESC, órgão que sempre incentivou o bem estar social. Você trabalha em uma ONG. Fale sobre sua participação nessa ONG e o que você acha do filme ser lançado no Rio nesses espaços?

M.M - Mensagem fanzineira...
Marcio Sno: Agradeço de coração esse espaço que está abrindo para divulgação do doc e grande força que você vem dando pra divulgar o nosso trabalho. Juntos, temos mais força e as coisas acontecem com mais fluidez. Não consigo ver a cultura alternativa seguir de outra forma. Ao invés de ficarmos reclamando da vida, vamos fazer! - Por Michael Meneses - Parayba Records - paraybarecords@hotmail.com
Agenda de Exibições para Fanzineiros do Século Passado:

Dia 26 de Março - Engenhoca - SESC do Engenho de Dentro/RJ às 18h, Filme + Shows + Stand de Material Altenativo - EVENTO GRATUITO!
Novas datas podem surgir, se você quer exibir o "Fanzineiros do Século Passado" no Rio de Janeiro, escreva: paraybarecords@hotmail.com Outros estados, escreva para o Márcio Sno nos contatos abaixo:
Contatos com Márcio Sno:
http://marciosno.blogspot.com
http://twitter.com/marciosno
http://www.myspace.com/367945872
http://www.portalrockpress.com.br
http://www.revoluta.com
http://www.flickr.com/photos/marciosno/
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